27/08/2011 -Divórcio fácil aumenta em 286% procura nos cartórios - Repórter Diário online - SP
Divórcio fácil aumenta em 286% procura nos cartórios
O número de divórcios no País cresceu no primeiro semestre deste ano 286% em relação ao mesmo período de 2010, segundo pesquisa do Colégio Notarial do Brasil (CNB), Seção São Paulo, que contabilizou 6.721 divórcios e divulga a importância da atividade dos tabeliães de notas e de protestos, defendendo os interesses da classe. A instituição atribui o aumento à Emenda Constitucional 66, que tornou o processo jurídico mais fácil e rápido. Sujeito real
“Não significa que os casais estão se separando mais. Na verdade, o crescimento ocorreu porque muitos casais buscaram regularizar a situação que há tempos já existia”, afirma o vice-presidente da CNB-SP, Márcio Mesquita. Hoje, o casal que não possui filhos ou partilha de bens consegue se divorciar em apenas um dia. Basta ir num cartório com RG, CPF e certidão de casamento e requerer o divórcio.
Para Mesquita, o crescimento foi apenas para desafogar a demanda e, por isso, nos próximos anos os números devem cair. “A emenda veio para desburocratizar o processo e tirar do juiz uma atribuição que não precisa ser dele. Por isso, é importante lembrar que o processo não foi banalizado, continua sendo visto pela Justiça com a mesma seriedade, apenas se tornou mais prático”, explica. Os casais que já tinham iniciado o processo judicial podem cancelar e iniciar pelos novos requisitos.
Para a psicóloga da Fundação Santo André, Raquel dos Santos Pinheiro, também é inegável que os casais de hoje se separam muito mais que os de antigamente. “As pessoas estão se casando no período de paixão, se unem com um sujeito idealizado pela mente. Essa paixão teoricamente dura até três anos, após isso a pessoa enxerga o sujeito real e é aí que vem a separação”, explica a psicóloga.
A professora do curso de Ciências Sociais da Universidade Metodista de São Paulo, Claudete Pagotto, acredita que o aumento dos divórcios tem a ver com o processo de emancipação das mulheres. “A incorporação das mulheres nos setores trabalhistas cria um processo de individualização, e elas passam a não depender mais tanto dos homens. Além disso, se tem cada vez mais a diminuição dos códigos morais da religião”, afirma. (Colaborou Carolina Neves)