19/12/2011 - Mortes de crianças caem pela metade no Norte de Minas - Hoje em dia
MONTES CLAROS - O Norte de Minas reduziu em 51% os indicadores de mortalidade infantil nos últimos 12 anos. Uma das regiões mais carentes do Estado deixou a triste realidade de 24,4 bebês mortos para cada mil nascidos vivos, em 1999, para 12, em 2010, conforme dados da Superintendência Regional de Saúde obtidos pelo Hoje em Dia . Apesar de ainda não ser o ideal, o índice é melhor que a média estadual, que é de 13,24.
Entre as cidades que apresentam indicadores otimistas está Janaúba, única além de Montes Claros a contar com leitos de UTI neonatal na região. O levantamento mostra que, de 1998 a 2000, morreram 318 crianças nas microrregiões de Coração de Jesus, Francisco Sá, Janaúba, Monte Azul, Montes Claros, Bocaiuva, Salinas e Taiobeiras. Esse número caiu para 294 no período de 2001 a 2003; 262, de 2004 a 2006, e 181, de 2007 a 2010.
A maior queda foi registrada em Taiobeiras (72%), pois saiu de 22 casos entre 1999 e 2000 para seis, de 2007 a 2010. Na comparação entre os mesmos períodos, Grão Mogol conseguiu reduzir em 71% a mortalidade infantil. Na cidade, as mortes caíram de sete para duas. Em Espinosa, a evolução foi de 17 para oito (-53%) e em Montes Claros, de 143 para 68 (-52%).
O coordenador regional de Vigilância Epidemiológica, João Geraldo Rezende, comemora os resultados. Mas ressalta que ainda existem fatores sociais que influenciam, como a baixa renda de muitas famílias que vivem em situação de vulnerabilidade social. Porém, existem vários projetos que contribuem para reverter o quadro, como o projeto Travessia, lançado recentemente, o Leite Pela Vida, que ao fornecer o leite para a mãe e para a criança evita a desnutrição, assim como a rede Viva Vida, que dá maior suporte à mulher.
A luta pela redução da taxa de mortalidade infantil é antiga no Norte de Minas, e a evolução tem sido notória. O problema é que apenas 20% dos óbitos foram investigados ou tiveram a investigação concluída. Isso levou a Superintendência Regional de Saúde a iniciar a sensibilização dos comitês municipais para que todos os casos sejam investigados.
Técnicos dos comitês municipais de Mortalidade Infantil e Materna e de Defesa da Vida estão sendo preparados para fortalecer o trabalho de prevenção dos óbitos. A superintendente regional de Saúde, Olívia Pereira de Loiola, salienta que a investigação dos óbitos materno e infantil visa identificar as causas para que seja possível promover a prevenção, especialmente de situações evitáveis.
Um comitê regional formado por representantes da Vigilância Epidemiológica, Atenção à Saúde, Vigilância Sanitária, Atenção Primária e Gestão Microrregional está orientando as equipes dos comitês municipais. "A proposta é que cada microrregião tenha um representante no comitê regional tão logo as equipes municipais sejam capacitadas", diz Olívia.
Um dos problemas identificados é que muitos servidores que foram capacitados acabaram sendo demitidos e, com isso, deixaram o município sem referência. "Devido à constante transição de funcionários, alguns municípios não conseguem realizar a investigação de todos os óbitos ou mesmo lançar os casos investigados no sistema. Então, nesse primeiro momento, orientamos os técnicos a organizar esse banco de dados, ressaltando a importância desse trabalho para o mapeamento regional", diz Alfredo Prates Neto, coordenador regional de Assistência à Saúde.
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